quarta-feira, 27 de setembro de 2017

O incômodo da ansiedade.


Ansiedade é a preocupação demasiada com as necessidades primárias e as secundárias, as necessidades básicas e as supérfluas, as necessidades reais e as imaginárias

Se constante e prolongada, a ansiedade pode levar o ansioso a adquirir úlcera, colite, asma, doenças do coração e outros distúrbios orgânicos. Mas, quando não mistura os problemas de ontem com os problemas de hoje nem os problemas de hoje com os problemas de amanhã, o não ansioso, então, em paz se deita e logo pega no sono (Sl 4.8).
Fazer tempestade em copo d’água é muito mais comum do que se pensa. Das 5.318 mulheres entrevistadas pela revista “Saúde” em 2013, quase um quarto (21%) sente ansiedade. Outras estão estressadas (14%), apresentam fadiga (12%), deitam e não conseguem dormir (7%) e vivem tristes (6%). Quais desses cinco diferentes estados emocionais incomodam mais? Com palavras ternas, Jesus tentou convencer a prestativa irmã de Maria e Lázaro de sua ansiedade: “Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, mas apenas uma é necessária!” (Lc 10.41).

No Sermão da Montanha, Jesus faz todo o esforço para acabar com a ansiedade, seja qual for a sua natureza e a sua intensidade. A receita é simples: “Não se preocupem!”, “Não se preocupem!”, “Não se preocupem!”. Não se preocupem com as coisas básicas, como comer, beber e vestir, e muito menos com todas as demais coisas. Vejam os passarinhos que voam no céu, vejam os macaquinhos que pulam de galho em galho, vejam os peixinhos descendo o rio, vejam os jacarés nadando na lama, vejam os gatinhos dormindo no sofá, vejam os lírios do campo, vejam os girassóis da Rússia, vejam as vitórias-régias do Amazonas, vejam as árvores de ipê-amarelo à beira das estradas, vejam as sequoias da Califórnia. Vejam aquele que criou tudo isso, aquele que criou o homem e a mulher à sua semelhança, dando-lhes um status que nenhuma outra obra da criação tem.

É curioso observar que a Bíblia tenta acabar com a nossa preocupação excessiva, mas, ao mesmo tempo, diz que Deus se preocupa conosco: “Acaso, é com bois que Deus se preocupa?” (1Co 9.9). Sob esta perspectiva do cuidado de Deus por nós, o ser humano está debaixo de um amplo guarda-chuva e, quando enxerga isso, se acalma.

A ansiedade só acaba com a contínua entrega de toda dificuldade, todo aborrecimento, todo imprevisto, toda decepção, todo desafio, toda dor nas mãos de Deus, por meio de orações precisas e corajosas. A oração é “a arte de entrar no Santo dos Santos e se colocar na presença do próprio Deus em espírito, por meio da fé, valendo-se do sacrifício vicário de Jesus, e falar com ele com toda liberdade”. Esse tipo de oração pode ser feito tanto de joelhos e de olhos fechados, em casa, como de olhos abertos, enquanto se caminha por uma rua qualquer. As orações podem ser muito demoradas ou muito breves. O importante é tirar de seus ombros todos os sustos e medos, colocando-os na presença de Deus. O Salmo 37 deve ser constantemente lembrado. Ali estão os imperativos antidepressivos: “Confie no Senhor” (v.3); “Que a sua felicidade esteja no Senhor” (v.4); “Ponha a sua vida nas mãos do Senhor” (v.5); “Tenha paciência pois o Senhor cuidará [de você]” (v. 7); e “Ponha a sua esperança no Senhor” (v.34). Quando a ansiedade começar a agitar o coração para levar a pessoa à confusão mental e ao desespero emocional, a atitude correta, inteligente e simples é abrir-se completamente diante do Senhor, sem esconder dele coisa alguma. Além do respaldo do Salmo 37, outras três passagens reforçam essa atitude. Uma delas é: “Procurem a ajuda do Senhor; estejam sempre na sua presença” (1Cr 16.11). A segunda, também muito conhecida, é a exortação paulina: “Não se preocupem com nada, mas em todas as orações peçam a Deus o que vocês precisam e orem sempre com o coração agradecido” (Fp 4.6). E a terceira é da lavra de Pedro: “Entreguem todas as suas preocupações a Deus, pois ele cuida de vocês” (1Pe 5.7). Precisamos nos livrar do incômodo da ansiedade o mais depressa possível, mas sem ansiedade!

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