segunda-feira, 24 de julho de 2017

O quão sincero você é com seu cônjuge?


Ao ver pornografia na internet, você fala para seu cônjuge o que fez e perde perdão? Quando alguma outra pessoa se insinua a você, isso é compartilhado com seu cônjuge, a fim de ele lhe fortalecer e ajudar a vencer a tentação? Quando você mente no trabalho e dá mau testemunho, seu cônjuge tem ciência disso, porque com ele você se aconselha? Quando existem pensamentos suicidas em sua mente, você compartilha e pede ajuda para seu cônjuge? Quando sente que seu amor por ele(a) está esfriando, o(a) chama para conversar e buscam auxílio no Senhor, a fim de honrar o santo matrimônio? Quando você denigre a imagem de seu cônjuge para alguém e depois se arrepende, você pede perdão a ele(a) e lhe expõe o que falou? Quando sua fé está se esvaindo ou você percebe que sua vida tem tomado rumos contrários ao evangelho, você conversa sobre isso com seu cônjuge?

Por que começamos nossa reflexão de modo tão direto? A razão é porque o assunto é de extrema relevância e urgência. É preciso que muitos fujam da Sodoma e Gomorra em que vivem e se refugiem na segura cidade, como disse o Senhor a Ló: "Apressa-te, escapa-te para ali" (Gn 19.22).

Muitos dos casamentos de hoje são tímidos, fracos e resultam em toda sorte de problemas, devido ao fato de não haver real intimidade entre os cônjuges. Eles não vivem juntos, apenas dormem juntos; eles não andam juntos, apenas caminham ao lado um do outro; eles não choram juntos, apenas veem a fraqueza um do outro; eles não se alegram juntos, apenas riem de coisas bobas.

A palavra de Deus nos diz claramente que o casamento é uma bela e magnífica prefiguração da união de Cristo e Sua Igreja: "Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor [...] Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela" (Ef 5.22, 25). A relação dentro de um casamento cristão, deve, necessariamente, ser uma expressão visível da Igreja e Cristo. Tudo o que for menos que isso, resultará em fracassos, tristezas, angústias e, infelizmente, não raro, divórcios.

Sobre este último, convém perguntar: por que as pessoas se divorciam? Embora eu seja casado há aproximadamente 4 anos seguramente posso dizer: é porque os seus relacionamentos não são transparentes. Tais pessoas se divorciam porque nunca houve fidelidade genuína. Ora, a fidelidade não está condicionada somente às relações sexuais, e sim à totalidade da vida. Noutras palavras, um casamento fiel é um casamento onde os cônjuges sabem o quão pecador (ainda que salvo) é a pessoa com quem convivem e por isso mesmo não constroem uma falsa imagem sobre ela. 

Deixem-me ilustrar com algo corriqueiro:

Quando você houve a notícia de que algum policial foi preso porque vendia drogas aos traficantes - qual seu pensamento? Quando você toma ciência de que determinado bombeiro deixou alguém morrer porque não o quis salvar - qual seu pensamento? Quando você ouve falar de um médico que não atendeu na emergência, simplesmente porque estava em seu horário de descanso - qual seu pensamento? A resposta comum é geralmente é assim: "um absurdo! Como pode uma coisa dessas! Um policial que deveria proteger a sociedade! Um bombeiro sem coração! Um médico insensato!"

O que estes pensamentos possuem em conexão com o casamento? É que os cônjuges, mesmo cristãos, se esquecem que convivem com um pecador, ainda que salvo pela graça. Se esquecem de que erro, fracasso e engano devem ser esperados, ao passo que acerto, força e verdade devem ser buscados. 

A Bíblia nos diz, claramente, que por natureza, "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). O próprio apóstolo afirmou que lutava constantemente para realizar tudo de acordo com a Lei de Deus, no entanto, "Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros" (Rm 7.21-23). Se assim era com Paulo, qual a razão de não ser com os demais cristãos?

O casamento cristão, portanto, deve refletir a simplicidade que há em Cristo (2Co 11.3), levando os cônjuges a praticarem o que diz a Escritura: "Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tg 5.16).

E então - o que você precisa dizer ao seu cônjuge? Quais são seus segredos para com ele?

Lembre-se, marido, de que sua esposa é (ou deveria ser) "uma ajudadora idônea" (Gn 2.18). A palavra "ajudadora", em hebraico, remete à ideia de auxiliadora e socorrista, aquela a quem o homem recorre nos dias de angústia. John Dod e Robert Cleaver, no século XVII, assim expressaram: "A esposa é designada para o homem, como o monte Zoar, uma cidade de refúgio para a qual ele pode fugir em todos os seus problemas; e não existe paz comparável a ela, exceto a paz de consciência." [1]

Lembre-se, esposa, de que marido é (ou deveria ser) um guardador e protetor do lar - "E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar" (Gn 2.15). A palavra "lavrar", em hebraico, remete à ideia de servir, trabalhar em prol de outrem; já a palavra "guardar", diz respeito à vigia, sentinela e proteção. Ambas as palavras foram dadas ao homem e não à mulher. Isto significa que seu marido possui grande responsabilidade e que ele zela por você, e, portanto, não é seu inimigo. Demonstrando também todo o romantismo que o homem deve ter, Willian Gouge (1575–1653) disse: "Se um homem tem uma esposa não muito bonita ou agradável, mas que possui algum defeito em seu corpo, alguma imperfeição no falar, no olhar, nos gestos ou em qualquer parte do corpo, [deve, mesmo assim], deleitar-se nela como se fosse a mais linda e, de todos os modos, a mulher mais completa do mundo." [2]

Aos homens alerta e exorta a Bíblia Sagrada: "Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações" (1Pe 3.7). Se você, marido, não tem coabitado com entendimento, honrando e cuidando de sua esposa, saiba que suas orações são impedidas e Deus não lhe concederá coisa alguma do que pedir.

Às mulheres, conclama a justa e perfeita Palavra: "As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem; Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada" (Tt 2.3-5). Se você, esposa, não tem buscado ser mestra do bem, amando seu marido, cuidando de seus filhos, bem como sendo boa dona de casa e sujeita (em amor) a ele, saiba que isto tem feito a palavra de Deus ser blasfemada.

Por fim, querido cônjuge, jamais se esqueça de que o casamento e a sinceridade que nele deve residir, precisa seguir com a graça e misericórdia de Cristo. Se você tem escondido alguma coisa de seu cônjuge, ore e busque muito ao Senhor, confesse primeiramente a Deus e depois ao seu cônjuge. Nada esconda dele, pois uma vez que a relação matrimonial é uma demonstração da grandeza da união com Cristo e nela não pode haver nada oculto, assim também deve ser seu casamento.

E para o caso de você ainda não ter casado, mas já visualizar segredos e angústias não revelados ao seu futuro cônjuge, inicie esta mudança no dia que se chama hoje e "exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado" (Hb 3.13).

Que o Senhor possa abençoar todos os cônjuges e os levar a uma sinceridade santa e amorosa, "Porque o perverso é abominável ao Senhor, mas com os sinceros ele tem intimidade" (Pv 3.32), bem como a buscarem o ideal cristão: "Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula" (Hb 13.4).

Autor: Filipe Machado

Notas:
[1] Citado em "Vivendo para a glória de Deus - Uma introdução à fé reformada", Joel R. Beeke, Ed. Fiel, pág. 337
[2] Ibid, pág. 347.

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