segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A igreja e a excelência.

Autor: Filipe Ivo Pereira

Como gostamos de ser bem recebidos, com um belo sorriso e uma saudação calorosa quando vamos comprar um produto ou solicitar um serviço. E melhor ainda, quando somos encaminhados a um ambiente limpo e organizado, com colaboradores atenciosos e educados, que estão prontos para nos oferecer a solução mais adequada às nossas necessidades. Organizações de excelência buscam essa postura, e utilizam-na como diferencial, pois sabem que o ser humano é atraído pela excelência e encantado pela qualidade!
A igreja também foi escolhida por Deus para ser exemplo de excelência e qualidade neste mundo. Para atrair e encantar as pessoas com sua mensagem de amor e salvação, que quando aliadas a um ambiente de excelência e zelo, produzem frutos eternos! A Bíblia demonstra que o padrão esperado por Deus, não é nada menos que o nosso melhor para sua
obra. De acordo com Salomão, nossas ações devem estar pautadas em níveis de excelência que superem a mediocridade ou normalidade, pois "Tudo o que você tiver de fazer faça o melhor que puder" (Ec 9:10), e ele ainda afirma que "Quem é relaxado em seu trabalho é irmão do que o destrói." (2 Pv 18:9), igualando as pessoas displicentes e negligentes com os que arruínam a obra. Já em Jeremias, encontramos uma severa advertência aos despreocupados com qualidade de seu serviço a Deus, "Maldito aquele que é relaxado no serviço de Deus!". (Jr 48:10)

No livro de Malaquias, capítulo primeiro, Deus repreende o povo de Israel por oferecerem os seus piores animais como ofertas. Eles intencionalmente escolhiam animais doentes, cegos, aleijados ou de má aparência para entregarem no altar. O profeta exortou-os afirmando que se não era para oferecerem o melhor, que não trouxessem nada então, pois a mentalidade de "Qualquer coisa serve. É só para Deus mesmo" não era aceitável!

Esse padrão de qualidade não foi extinto no Novo Testamento. Paulo em sua carta aos colossenses ordena: "O que vocês fizerem façam de todo o coração, como se estivessem servindo o Senhor e não as pessoas" ( Cl 3:23) estendendo esse nível de excelência para todos os serviços realizados pelo cristão na igreja ou fora dela.

De acordo com Bill Hybels a "excelência honra a Deus e inspira as pessoas." , e Bob Russel
concorda afirmando que "se o trabalho está relacionado com o reino de Deus, ele merece nossa máxima dedicação, mediocridade gera indiferença, mas a qualidade atrai". 

Mas o que é excelência? Segundo Lee Strobel, a excelência não é um perfeccionismo neurótico, mas simplesmente fazer o melhor que pudermos com o que temos ao nosso alcance. Mesmo sendo simples a excelência não é conquistada facilmente, pois existem três fatores fundamentais para o alcance de um alto padrão e qualidade: tempo, dinheiro e esforço. Talvez seja por isso que a excelência seja algo raro em alguns lugares. O fator tempo significa que os serviços de qualidade não são instantâneos, eles requerem algumas horas de bom planejamento e outras horas de execução paciente, para que tudo saia como o esperado. Isso se aplica no preparo dos sermões, nos ensaios do louvor, nas peças teatrais e assim por diante.

E a excelência tem o seu preço, tornando o fator dinheiro muitas vezes o maior empecilho para que igrejas façam a obra de Deus com um elevado padrão de qualidade. Essa dificuldade de investir na excelência, não advém da escassez de recursos, mas talvez da falta de conhecimento desta necessidade de oferecer e fazer sempre o melhor. Além disso, outro elemento da excelência é o esforço. Músicos, atletas e profissionais destacados em suas áreas, são conhecidos por sua qualidade e talento, que aprimoraram com muito esforço e empenho, seja treinando ou estudando, para lapidar o seu potencial. Na igreja também devemos enfatizar esse compromisso, pois além do esforço humano, contamos com o poder capacitador do Espírito Santo para realizar a obra de Deus.

A cada semana, nossas celebrações, cultos infantis, células, encontros de jovens e adolescentes, eventos e retiros podem tornar-se melhores e mais atraentes aos perdidos, se obedecermos à ordem que foi dada a Josué, "Esforça-te, e tem bom ânimo; [...] Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo." (Js 1:6-7)

Mas como alcançar esse padrão de excelência? Bob Russel relaciona sete conselhos para elevar o nível de qualidade em nossas igrejas e ministérios:

1) Estabeleça o padrão de qualidade com antecedência: normalmente a quantidade de esforço
empregada para realizar uma tarefa pela primeira vez, torna-se o padrão para ações posteriores. Sendo assim, defina um elevado padrão de excelência desde a primeira vez que fizer algo novo em sua igreja. E procure com o tempo elevar esse padrão a cada ano;

2) Não confie em sua auto avaliação: sempre procure pessoas sinceras, de sua confiança, que não hesitarão em dar um feedback real e construtivo sobre as atividades realizadas por você, pois não é sábio determinar se algo é de alta qualidade tendo como base apenas em uma única perspectiva. Qual foi a última vez que você pediu uma avaliação de terceiros?

3) Faça apenas o que puder ser feito com capricho: infelizmente não podemos ser tudo para todos e nem todas as boas ideias podem ser concretizadas com qualidade, porque exigirão recursos que no momento não fazem parte da realidade da igreja. Cabe ao líder discernir se o projeto em análise é viável ou não, se poderá ser feito com excelência e se apenas será mais um programa ou evento de baixo impacto e amador;

4) Desista do que não estiver mais dando frutos: não precisamos continuar fazendo algo só porque sempre fizemos. Se algo não está mais dando os frutos esperados e está sendo ineficiente, talvez seja a hora de realizar um "funeral" desse programa. Mas sempre tendo em vista que outra pessoa poderá ressuscitá-lo futuramente e sair-se melhor, trazendo assim novos frutos para o Reino de Deus. Toda ação ineficiente e infrutífera, declinará em sua qualidade mais cedo ou mais tarde;

5) Incentive as pessoas a participarem em projetos para os quais têm talento: as atividades somente serão realizadas da melhor maneira, se as pessoas envolvidas possuírem os talentos necessários para tal tarefa. Além de ajudar a pessoa a encontrar uma função que a satisfaça, o líder estará assegurando-se do padrão de qualidade do trabalho;

6) Procure caprichar, mas não exagere: bom senso é fundamental e ostentação não é sinal de qualidade, mas sim de vaidade e motivações obscuras. Portanto, seja moderado na escolha de decorações, apresentações especiais e principalmente no atendimento aos visitantes da igreja, que poderão sentir-se "intimidados" caso seja direcionado muita atenção a eles na primeira visita;

7) Tenha senso de humor: no processo de aperfeiçoamento, ficaremos desapontados algumas vezes porque os planos não saíram conforme o esperado, mas tenha senso de humor e aprenda a rir dos próprios erros e fracassos, pois eles serão sua escada para a próxima oportunidade. Vale frisar também, o princípio do monitoramento, que segundo Tom Peters e Robert Waterman Jr. que analisaram as empresas mais bem administradas dos EUA por 20 anos e reuniram as lições aprendidas no livro "Em Busca da Excelência", é imprescindível monitorar e avaliar constantemente o nível de qualidade das organizações para proteção contra o desgaste, visto que com o tempo nosso padrão de excelência declina por falta de acompanhamento.

O próprio Deus na criação do universo, conforme criava, avaliava e atestava a qualidade de seus feitos. A expressão "e viu Deus que era bom" aparece seis vezes em Gênesis 1. Jesus na "oração sacerdotal" em João 17:12 também avaliou e atestou sua obra de discipulado com os apóstolos, afirmando "os protegi [...] os guardei [...] nenhum deles se perdeu[...]", Jesus sabia exatamente que havia atingido o alvo de qualidade esperado pelo Pai em relação aos seus discípulos.

Somos representantes de um Deus que sempre faz tudo perfeito e oferece o seu melhor, e que assim espera que seus filhos o façam e quando possível, até melhor do que os filhos das trevas. Pois conforme Bill Hybels diz, "imagine o que aconteceria a todas as igrejas do planeta se todos os pastores, membros de equipes, voluntários, presbíteros ou diáconos e os que servem nos ministérios infantis dissessem: você não tem que se preocupar comigo. Estou comprometido a dar o meu melhor, todos os dias. Viverei em união vital com Deus e
irei consistentemente oferecer minha oferta mais excelente. O padrão que estabeleci é mais elevado que qualquer outro que você poderia estabelecer para mim." 

O que aconteceria à sua liderança? O que aconteceria à sua pregação? O que aconteceria à sua música? O que aconteceria às nossas igrejas se estabelecessem seus próprios padrões de controle de qualidade, baseados na excelência de Jesus Cristo e permanecessem inabaláveis em honrá-lo com seu melhor sempre? Devemos batalhar pela excelência, porque ela honra a Deus, inspira as pessoas e representa um sério problema para o inimigo de nossa alma.

Autor: Filipe Ivo Pereira

HYBELES, Bill. Axiomas: Máximas da Liderança Corajosa. 1 ed. São Paulo: Vida Nova. 2009. RUSSELL, Bob & RUSSELL, Rusty. Uma Igreja de Sucesso - 10 Princípios Bíblicos Testados e Aprovados. 1. ed. São Paulo: Vida Nova. 2003.
PETERS, Tom; WATERMAN, Robert. Em Busca da Excelência.

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Fonte: URL: http://www.institutojetro.com/artigos/lideranca-geral/a-igreja-e-a-excelencia.html
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Título do artigo: A igreja e a excelência
Autor: Filipe Ivo Pereira

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