segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Nós nos reunimos, logo somos igreja. Será?


Têm sido muitos os questionamentos sobre a eficiência e eficácia da igreja no meio da sociedade moderna. Alguns têm vaticinado que vivemos numa era pós-denominacional e que agora é a vez dos movimentos alternativos.
Alguns grupos se reúnem em galpões, fazem orações, cantam musicas evangélicas, pregam a Bíblia, recolhem dízimo, promovem reuniões de curas e libertação e dizem que aquilo não é igreja.

A igreja, como nós a conhecemos, terá lugar na nova sociedade que está sendo construída? As denominações terão espaço amanhã? Qual igreja irá sobreviver no futuro: a igreja alternativa ou a igreja tradicional?

Em primeiro lugar devemos investigar o que significa igreja. Tradicionalmente a palavra igreja significa a assembléia daqueles que foram tirados de fora para dentro. Biblicamente ela é o corpo de Cristo, o povo de Deus, a noiva do Cordeiro e por vai (existem aproximadamente 96 títulos para a igreja no NT). Tudo isso é bom saber, mas não ajuda na pratica a reconhecer o que é a igreja e para que ela serve.

Outro dia eu pensava sobre uma igreja (uma igreja qualquer). Normalmente o povo daquela igreja se reúne em uma ou duas reuniões por semana (pode ser um grupo familiar e o culto). As pessoas chegam ao culto, conversam um pouco, sentam, levantam para cantar, sentam para ouvir a mensagem e levantam para tomar um cafezinho (momento de comunhão) e vão embora para casa ou para uma pizzaria onde a reunião dos crentes se prolonga por umas horas. Esse tipo de ajuntamento pode ser chamado de igreja? Creio que não.

Esse tipo de ajuntamento funciona mais como uma pastelaria onde as pessoas entram para comer um pastel e tomar uma vitamina para continuar o dia. Os membros de uma igreja vão a um ajuntamento para cantar, sentir-se bem e voltar para casa animados com alguma coisa para mais uma semana de lutas. Não é de se admirar que aos poucos as pessoas vão ficando desanimadas com a igreja até que finalmente ficam desanimadas com Deus.

Uma igreja para ser significativa aos seus membros e as pessoas que convivem com esses crentes precisa recuperar a razão de ser de sua existência. Recuperar o seu papel missionário na sociedade (pelo amor de Deus não leia ‘enviar missionarios’).

Qual é o razão de ser de uma igreja? Pensando nas lições deixadas pela Reforma podemos dizer que a razão primeira da existência da igreja é o louvor e a glória de Deus. Uma igreja adora a Deus por aquilo que Ele é e não primariamente pelo que Ele faz. Os atributos de Deus são razões mais do que suficientes para a adoração pessoal e comunitária.

Em segundo lugar uma igreja existe para fazer o bem ou praticar boas ações no mundo. Os crentes são ensinados como evangelizar usando táticas e técnicas. Faz assim, faz assado, começa assim, termina desse jeito. Tudo artificial e sem vida. Não convence ninguém e passa por tremenda chatice. O cristão precisa (re)descobrir que o seu papel no mundo é fazer o bem a todos e faze-lo em nome de Deus. O apóstolo Paulo recomenda aos crentes da Galácia que façam o bem a todos, mas especialmente aos da comunidade. Ou seja, se alguém não faz o bem nem aos da comunidade, como fará aos que são de fora?

A igreja de hoje enfatiza o seu louvor e investe tempo e energia nessa área (não sei se tem a teologia e a consciência do que faz). A outra área, a do fazer o bem, fica relegada a quando “Deus abrir as portas”. Por isso, esse mundo é assim do jeito que é e sem esperanças de qualquer transformação. Quando nós - os crentes - entendermos que fomos comprados por preço de sangue para ser o povo exclusivo de Deus para a prática das boas obras (Tito e Efésios), haverá alguma esperança para a igreja no futuro. Caso isso não aconteça, comece a orar imediatamente por sua alma.

É Presidente da Faculdade Teológica Sul-Americana, na mesma cidade. É formado em teologia, com mestrado e doutorado pelo Fuller Theological Seminary, nos Estados Unidos.

Um comentário:

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