segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Dinheiro, uma força espiritual.


Quando a Bíblia fala sobre dinheiro, este não é visto como um mero objeto sujeito à ação de quem o possui. Pelo contrário, Jesus personifica o dinheiro quando o chama de Mamom (Mt 6.24). O que lhe da um status e uma força até então desconhecida. O dinheiro não é apenas um objeto porque ele inclusive usurpa o senhorio de nossas vidas. Esse tipo de personificação vemos Jesus fazendo somente com o dinheiro, que agora passa a ser visto como uma força espiritual tentando tomar o lugar de Deus.
O dinheiro (Mamom) não é neutro, nem é passivo, tem suas próprias leis e, embora se manifeste no mundo material, seu poder tem um valor espiritual. Um poder jamais é neutro, ele é orientado e da mesma forma orienta os homens. E assim como a morte surge com frequência na Bíblia como um tipo de força pessoal, da mesma forma aparece o dinheiro.
O que Jesus nos revela aqui é que o dinheiro é um poder. Este termo deve ser compreendido não no sentido vago de força, mas no sentido muito específico, corrente no Novo Testamento. [1]. Mamom é tão real que podemos servir a ele ou a Deus, a relação entre o homem e o dinheiro não é uma relação pessoa-objeto, mas entre o homem e um sujeito. 
O poder do dinheiro é manifesto externamente ao influenciar o comportamento do homem e como ele se relaciona com os outros. De maneira geral, as relações de dinheiro são de “compra e venda”. Tudo tem seu preço, e tudo se pode comprar nesse mundo, até mesmo Jesus foi avaliado por dinheiro:
Então se cumpriu o que fora dito pelo profeta Jeremias: “Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi avaliado pelo povo de Israel” Mt 27.9 – NVI
Além desse aspecto exterior, o dinheiro coloca em ação uma noção interior que nos é familiaraquela da tentação. É preciso então levar em conta que essa tentação não é apenas um movimento do coração do homem em relação ao objeto que ele deseja possuir, uma moeda, por exemplo. É claro que a tentação da riqueza existe. Mas o problema mais geral é que se trata de uma atração por um espírito diferente daquele de Deus. A moeda é, nesse sentido, apenas um sinal material de possessão interior, ele é também o canal e o meio desta; mas sua força não seria tão temível se ela não fosse acompanhada por esse espírito, utilizada por esta potência que tenta seduzir o homem, possuí-lo, tenta fazer com que ele viva uma vida mais distanciada de Deus e, definitivamente, fazer com que o homem a ame. [2“Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.” Mt 6:21 – NVI
As relações de Mamom X a graça de Deus
Por outro lado, enquanto o sistema do mundo (de Mamom) é na base da compra e venda, Deus se relaciona conosco pela graça. Aqui temos que entender a palavra graça com todo seu significado. A graça é o que é justamente por não se comprar, é o dom gratuito de Deus. Se por um lado nós nunca seríamos capazes de pagar pelo perdão de Deus, por outro lado, Deus mostra que não segue o sistema desse mundo. A única vez que Deus se submeteu à lei da venda foi quando aceitou que seu Filho fosse vendido. Ele aceitou pagar o preço do resgate do homem.
Deus aceita sair da gratuidade para tratar com Satã e, ainda aqui, podemos medir a profundidade do amor de Deus que renuncia à sua própria vontade para aceitar a lei do inimigo, da mesma forma que, em Cristo, ele aceita a contingência da carne e sua limitação (Fl 2:5-11).
Vemos então que toda a obra de Mamom é rigorosamente inversa à obra de Deus. Dada essa oposição de símbolo, compreende-se porque Jesus estabelece a escolha entre Mamom e Deus. Ele não propõe qualquer outra potência, qualquer outra divindade, mas aquela que se opõe diametralmente à ação de Deus, aquela que faz com que a “não-graça” reine sobre o mundo. Não há nada mais contrário a Deus que Mamom. [3]
Que o Senhor seja gracioso conosco,
Referências:
[1] Ellul, Jacques. O homem e o dinheiro: aprenda a lidar com a origem de todos os males – Brasília: Editora Palavra. 1ª Ed, 2008, pg 79-80
[2] Id., Ibid., p.84-85 
[3] Id., Ibid., p.91-92

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