quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Quem são os Amish?


Em outubro de 2006, um violento ataque a uma escola na Pensilvânia , nos Estados Unidos, chocou a comunidade internacional. Ao mesmo tempo, despertou a curiosidade de muitas pessoas para o estilo de vida da comunidade que sofreu a tragédia - os amish.
Após o ataque, mais uma vez esse povo que já foi tema de filme ( A testemunha, 1985), voltou ao centro das notícias. Muitos foram os questionamentos que surgiram: Quem são os amish? Quais suas crenças? Em que diferem dos demais grupos protestantes do mundo?

Origem dos amish

Amish é um grupo cristão anabatista que encontra-se nos Estados Unidos e Canadá. Mesmo vivendo no coração da maior potência mundial, esse povo não usa eletricidade, televisão, nem telefone ou automóveis (só carroças e arados puxados por bois), e vive conforme os costumes de seus primeiros pais, do século 16. Os 200 mil amish, dos quais cerca de 50 mil vivem só na Pensilvânia, falam um dialeto derivado do alemão-suíço, não aceitam o seguro social oferecido pelo governo e não prestam serviço militar, vivendo em comunidades separadas do resto do mundo.

Os amish são provenientes da Reforma Protestante do século 16, mas de uma ala radical - os menomitas, que eram anabatistas. Os anabatistas eram assim chamados porque criam que o batismo deve ser realizado apenas por imersão e por adultos, por isso rebatizavam aqueles que porventura tivessem sido batizados por aspersão ou na infância, mesmo estes advindo de igrejas protestantes. Menno Simons (1496-1561) foi o fundador de uma vertente anabatista do protestantismo que dava ênfase à vida comunitária. Seus seguidores, chamados de memonitas em referência ao nome de se fundador, são hoje 1,3 milhão no mundo, espalhados por 60 países. Ondem mais crescem é na África central, mas há comunidades menonitas em 23 países da América Latina, com núcleos de mais de 20 mil pessoas em Honduras e na zona entre Bolívia e Paraguai.

Os amish são justamente uma dissidência dos menomitas, ocorrida em 1693 e liderada por Jacob Amman (1656-1730), que exigia a exclusão dos não puros dentro do movimento. Os amish imigraram para a costa nordeste norte americana, onde vivem até hoje. Não há amish além dos 200 mil que vivem nos EUA e Canadá.

Radicalismo
Até hoje, os amish usam ternos e chapéus pretos, e as mulheres ficam com a cabeça coberta por um capuz escuro. São conhecidos também por viverem em paisagens rurais maravilhosas, sem poluição, com arquitetura singular em suas vilas, e por serem pessoas amáveis e com ótima comida. A alimentação é baseada em carnes e vegetais frescos da própria fazenda, acompanhados por doces, geleias e pães caseiros. As comidas são sempre preparadas em fogões a lenha e guardadas em geladeiras movidas a gás. As roupas são lavadas em máquinas antigas, algumas com mais de 20 anos. Nenhuma casa pode ter telefone, embora uma decisão recente dos bispos tenha permitido seu uso, desde que estejam instalados em cabines distantes pelo menos 50 metros do prédio principal.


Apesar de sua amabilidade, são radicais quanto à sua fé. Para se ter uma ideia: os amish não gostam de ser fotografados, pois, fazendo uma interpretação extremista do texto sagrado, dizem que um cristão não deve manter sua própria imagem gravada. Clicá-los sem pedir permissão pode criar um incidente, muitas vezes limitado a uma cara feia ou a uma correria desenfreada, como se todo mundo estivesse fugindo de você.

Nas poucas lojas onde os amish vedem artesanato produzido por eles mesmos, são vendidos bonecas sem face ( de novo para não perpetuar imagens de pessoas), além de capuzes e geleias.


Nas conversas, os amish também são radicais. Qualquer diálogo começa invariavelmente pelo assunto clima e dificilmente sai do terreno das amenidades. E, como uma demonstração de que até hoje vivem com a cultura de seus pais, os primeiros imigrantes, enraizada em sua mentalidade, quem não faz parte do grupo amish é chamado de "inglês", independente da origem.


Os amish conhecem muito pouco sobre outros países e mesmo sobre os Estados Unidos ou o Canadá, países onde vivem. Nunca falam de política e não conhecem as profissões que são comuns em qualquer outro lugar do mundo. Sua conversa gira em torno da família, do trabalho, do clima e da fé.

Próximas à comunidades amish, há comunidades menonitas, mas que são consideradas pelos amish como liberais. As fazendas menonitas são formadas por pessoas da mesma origem dos amish, mais muito mais liberais.

Para manter a tradição, as crianças amish não podem estudar em escolas regulares. Somente em escolas amish. Educação nestes lugares significa aprender apenas o necessário para a vida adulta, isto é, o básico das línguas inglesa e alemã, religião e matemática suficiente para ajudar no comércio, tudo condensado em oito anos. Nenhum membro da comunidade completa os estudos ou vai para a universidade. Para conseguir este direito nos EUA, foi preciso obter uma decisão da Suprema Corte Americana de 1972 que permitiu que as crianças amish, diferentemente do restante da população do país, interrompam o estudo antes de 16 anos sem qualquer punição.

Uma curiosidade: os amish não têm automóveis, mas não acham nada demais aceitar uma carona de "um amigo inglês". Alegam que ter carro iria criar diferenças sociais inadmissíveis entre eles. Outro detalhe: mesmo vivendo sem energia elétrica, frequentam hospitais e aceitam a medicina moderna.

Os homens sempre usam barba depois que se casam, mas nunca bigode, para eles um símbolo militar, que se recusam a manter como forma de protesto a perseguições religiosas de que forma vítimas na Europa há quatro séculos. Aliás, os amish são absolutamente pacifistas e contra o serviço militar.


Todos os ternos pretos têm o nome do dono bordado na lapela, já que não há outra maneira de distingui-los entre si quando são deixados na porta da igreja. As mulheres usam vestidos pretos com aventais coloridos, sem estampas e estão sempre com um capuz que cobre o cabelo preso.



Crenças
O grande problema dos amish é a supervalorização da sua própria tradição e o radicalismo na interpretação e aplicação de passagens bíblicas. Os amish não sistematizam sua Teologia e afirmam que a interpretação da Bíblia é realizada nos cultos e reuniões em suas igrejas. Essa posição de posição de evitar querelas teológicas por um lado evitou divisões de caráter doutrinário nas denominações anabatistas, mas por outro provocou esses exageros. Mesmo não professando os credos históricos do cristianismo, os amish os aceitam em essência. Defendem que o cristianismo consiste em uma adesão prática aos ensinamentos de Cristo.

Para os amish, as igrejas não são subordinadas a nenhuma autoridade humana, seja ela o Estado (no que concordam as demais igrejas protestantes) ou hierarquia religiosa. Assim, evitam participar de atividades governamentais, jurar lealdade a nação e participar de guerras. Ainda segundo eles, a Igreja não é uma instituição espiritual e invisível, mas uma coletividade humana e real, marcada pela separação do mundo e do pecado e uma posição afirmativa em seguir os mandamentos de Cristo. Em outras palavras, não fazem diferença entre o Corpo de Cristo e as comunidades locais e visíveis de crentes.

Quanto ao batismo em águas, os amish, como anabatistas, ensinam o batismo por imersão e para adultos, como símbolo de reconhecimento e obediência a Cristo, e a Santa Ceia "em memória da missão de Jesus Cristo". Eles não são exclusivistas quanto à salvação. Não creem que só os amish vão para o Céu, mas acreditam que é melhor viver radical e fisicamente separado do mundo físico para manter a pureza da Igreja. Com isso, os amish acabam não cumprindo a missão evangelística de ir pregar a toda a criatura a mensagem transformadora do Evangelho (Mc16.15). O Evangelho para eles é algo de família, cultural, que passa de pai para filho. E se alguém quiser aderir à sua fé sinceramente, será aceito, mas eles não convidam ninguém a aceitar o Evangelho. Os amish afirmam também que as igrejas também têm autoridade de disciplinar os seus membros e até mesmo de expulsá-los, com o objetivo de manter a pureza e o objetivo da igreja.

Enfim, como pode ser percebido, a Teologia anabatista é preponderantemente eclesiológica, baseada na vida comunitária e na Igreja. Quanto à salvação, os amish creem no livre-arbítrio. Asseveram que o ser humano tem a capacidade de se arrepender de seus pecados e Deus regenera e ajuda-o a andar em uma vida de regeneração. A única diferença é que os amish enfatizam que não creem que a conversão a Cristo seja "uma experiência emocional de um momento", como criticam, mas um processo que leva a vida inteira. A salvação, para eles, é um processo que leva toda uma vida e não "fruto de uma experiência".

Sabemos, porém, que, ao aceitar Cristo sinceramente como Senhor e Salvador de sua vida, a pessoa já é salva. Apenas deve desenvolver a sua salvação para que não a perca.

Para os amish, a ética do amor rege todas as relações humanas, e o pacifismo absoluto deve ser a posição do crente. isto é, qualquer tipo de violência, por qualquer razão que seja, mesmo legítima defesa, é incompatível com o cristianismo. Em uma guerra, defendem, os amish não devem se defender. Morrem, mas não se defendem.

Em suma, os erros teológicos dos amish são seu radicalismo e supervalorização de sua tradição como importante para a pureza da vida espiritual; sua interpretação equivocada do que significa ser "separado do mundo" segundo a Bíblia; sua despreocupação em pregar o Evangelho; a indefinição quanto à certeza da salvação e sua tendência a uma visão semi-nestoriana sobre a natureza de Cristo. A maioria esmagadora dos amish afirma que Jesus Cristo foi concebido miraculosamente pelo Espírito Santo no ventre de Maria, mas não herdou nenhuma parte física dela.

Esses são os amish.

Referência bibliográfica:

Revista Resposta Fiel, ano 6, nº 22, DEZ - JAN- FEV/ 2007, Casa Publicadora das Assembleias de Deus, Rio de Janeiro, RJ.

3 comentários:

  1. Boa tarde! Preciso falar com você. Sou dono do site Curioso Links. Se for possível me adicione no facebook, pois acho ser mais facil conversar pelo batepapo: https://www.facebook.com/curiosobiblico.anderson

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  2. Interessante. São o único grupo cristão do mundo. O restante é judaico cristão, aquela turma que quando discorda de cristo corre achar refutações no velho testamento para se justificar.

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  3. O autor da matéria falou que devemos crer em Cristo Jesus como único e suficiente Salvador e depois fala em desenvolver a salvação??
    A Salvação vem única e exclusivamente pela fé em Cristo e pela sua morte e ressureição, João 5:24; João 3:16; Hebreus 9:12, etc

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