quinta-feira, 3 de outubro de 2013

“Deus não é católico”, afirma papa Francisco.

Desde que assumiu, o Papa Francisco vem sinalizando que deseja ver mudanças na maneira como a Igreja Católica age e pensa. Duas semanas atrás demitiu o cardeal italiano Tarcísio Bertone de seu posto como secretário de Estado do Vaticano. Na época do conclave, Bertone era apontado como um dos favoritos a ser eleito papa. Agora responderá internamente por suspeitas de má gestão e abuso de poder. 

Em uma longa entrevista para o ateu Eugenio Scalfari, o editor do jornal de esquerda La Repubblica, ele fez uma série de afirmações fortes.

O material foi publicado hoje e o pontífice revelou que durante o conclave de março, pensou brevemente em não aceitar sua eleição como o primeiro papa não-europeu em 1300 anos. Pediu para ficar sozinho em uma sala adjacente. “Uma grande ansiedade tomou conta de mim. Pensei em ir embora e relaxar. Fechei meus olhos e cada um desses pensamentos foi embora. Senti que em algum momento, uma grande luz me preencheu.”, conta.

Para ele, um dos problemas a ser enfrentado é que, ao longo da história da Igreja, muitos papas eram “narcisistas” que se deixaram levar por seus assessores “cortesãos”.

Esta semana, o papa terá três dias de reuniões a portas fechadas com oito cardeais de todo o mundo. O objetivo é ajudá-lo a reformar a conturbada administração da Igreja Católica. O novo papa promete fazer tudo que estiver em seu poder para mudar a mentalidade do Vaticano. “A corte (cúria) é a lepra do papado”, afirmou, anunciando um novo estilo de transparência, consulta aos líderes e simplicidade para o papado. 

“Ela [Cúria] cuida dos interesses do Vaticano que, em grande parte, ainda são interesses temporais. Vou mudar esta visão do Vaticano centrado em si enquanto negligencia o mundo à sua volta”, asseverou.

Francisco faz questão de explicar que os oito cardeais escolhidos para fazer parte do seu conselho consultivo “não têm motivações egoístas”. O líder máximo dos católicos deseja ouvir deles ideias de como reformar o Vaticano e a igreja em todo o mundo. “São pessoas sábias, inspiradas pelos mesmos sentimentos que eu. É o início da igreja com uma organização não apenas vertical, mas também horizontal”, explica. O resultado pode ser uma reforma na Constituição do Vaticano, um fato histórico.

Falando sobre sua fé, Francisco enfatizou: “Eu acredito em Deus, não em um Deus católico, pois não há Deus católico, só há um Deus. Creio em Jesus Cristo e em sua encarnação. Jesus é meu professor e meu pastor, mas a Deus, o Pai, Abba, é a luz e o Criador”. 

Quando o jornalista contou que as pessoas lhe avisaram que o papa tentaria convertê-lo, o papa riu. “O proselitismo é um solene absurdo, não faz sentido. Precisamos conhecer uns aos outros, ouvir uns aos outros e melhorar o nosso conhecimento do mundo que nos rodeia”, explicou a Scalfari. 

O que não chega a surpreender, tendo em vista suas declarações recentes sobre os ateus. Embora soe estranho para alguém que deveria estimular a obra missionária, ele foi mais fundo. “Cada um de nós tem uma visão do bem e do mal. Temos que incentivar as pessoas a se aproximarem do que eles acham que é bom”.

Em seguida, disse que o jornalista, “mesmo sem saber, pode ser tocado pela graça divina”. E ressaltou “Ninguém pode saber quando isso acontece. A graça não faz parte da consciência, é a quantidade de luz em nossas almas, não de conhecimento, nem de razão”.

Esta é a segunda entrevista de grande repercussão em 30 dias. Em 19 de setembro, uma revista jesuíta publicou declarações do papa criticando a Igreja Católica por sua “obsessão por ensinamentos sobre aborto, contracepção e homossexualismo”, apelando para que ela se torne mais misericordiosa.

Ao mesmo tempo, o Banco do Vaticano fez um gesto inédito em 125 anos. Depois de passar anos sendo alvo de polêmicas e investigado por lavagem de dinheiro, tomou a decisão de abrir suas contas. Isso também reflete o “novo estilo” da Santa Sé.

Embora oficialmente se chame Instituto para Trabalhos Religiosos, fica muito claro que suas operações são iguais a qualquer outro banco. Entre 2011 e 2012, a receita do Banco aumentou 400%, totalizando 86,6 milhões de euros. Para 2013 o aumento deverá ser bem menor, por conta do custo das reformas internas e da diminuição das taxas de juros.

Alguns dados publicados hoje chamam atenção. Em seus cofres estão mais de 41 milhões de euros em moedas preciosas, ouro e metais. O Vaticano é oficialmente dono de uma imobiliária e tem investimentos em propriedades totalizando 2 milhões de euros. No ano passado, o Banco emprestou 25,8 milhões de euros, ganhando 12,2 milhões com juros e comissões de serviços financeiros. Por outro lado, tem uma verba alocada anualmente para o escritório do papa investir cerca de 50 milhões de euros em obras de caridade. Com informações The Guardian e Repubblica.

Fonte: Gospel Prime

5 comentários:

  1. A Igreja Catolica precisa acabar com o sincretismo religioso é um absurdo que ela ainda adore imagens

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    1. Cara, falar do que não sabe é meio chato, né? Não adoramos imagem, pelo jeito de falar vejo que és protestante. Apenas tomamos como exemplo a vida de santidade que cada desses santos tiveram, se entregando inteiramente ao caminho de DEUS. Daí cês falam que botamos as imagens na Igreja, cara se algum ente querido teu morrer e você for muito apegado aquela pessoa, você com certeza vai ter algo em sua casa para lembra-lo(a) do mesmo jeito somos nós Católicos! Abraço, valeu. ;)

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  2. A maior Instituição de caridade do Mundo é a Igreja Católica.......

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  3. Quase todos os chefes de estado do mundo tem seu avião a disposição, e o Papa contrata linhas aéreas Italianas quando prescisa.

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  4. - Nós, católicos, não "adoramos" estátuas ou imagens. Adorar somente a Deus!. O que os protestantes dizem que adoramos imagens, na verdade VENERAMOS, ou seja, venerar é "ver como a pessoa é, exemplo de caridade, amor ao evangelho e às coisas de Jesus Cristo. As imagens mostram pessoas santas que foram boas em vida, exemplo a ser seguido por todos nós. Se Jesus viesse pela primeira vez nos dias de hoje e não na Judéia, com os recursos tecnológicos que temos hoje, tiraríamos fotos ao lado dele, faríamos vídeos - claro, se Ele permitisse - e depois de sua morte e ressurreição, com certeza a lembrança que teríamos em casa seriam as fotos reveladas e os vídeos editados. Assim são os significados das imagens.

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