sexta-feira, 17 de maio de 2013

A vida de uma dama jeremoabense.

Maria Candida, um ano antes de sua morte

Acabo de ler o livro “Vida de uma Dama Brasileira”, de João Lima, escrito em 1953, e que trata da biografia de D. Maria Cândida Gonçalves de Sá, esposa do jeremoabense José Gonçalves de Sá, conhecida como Dr. Zeca Sá, emprestado por nosso amigo Sebastião Gonçalves Passos, sendo escrito numa linguagem romântica e carregado de emoções, relatando uma bonita história de amor, renúncias e doação da personagem central do livro, sendo escrito um ano após sua morte. Tudo começou quando pesquisava sobre o porquê da existência do Edifício Geremoabo, em Copacabana, no Rio de Janeiro, ou melhor, quem foi o cidadão de nossa terra que homenageou seu torrão natal, chegando ao nome de Dr. Zeca Sá, Engenheiro Civil, que foi o construtor e serviu de residência à família. Numa roda de conversa, Sebastião confidenciou-me a existência do livro.

A DAMA

D. Maria Cândia Gonçalves de Sá, nasceu no dia 27 de dezembro de 1898, em Recife e faleceu a 21 de maio de 1952 em Jeremoabo, e, com menos de 50 anos era órfã de pai e mãe, herdando os negócios da usina próspera, fazendo o curso primário e secundário no colégio das Damas Cristãs em Pernambuco. Dizia o escritor que “nenhuma preocupação absorvia a sua imaginação sendo a felicidade do esposo e dos filhos ...” prosseguindo, dizendo que “a modéstia era a sua característica, a ausência de vaidade ...”. O capítulo que narra a sua morte são páginas relatadas e escritas por quem viveu os últimos momentos, mostram um quadro de dor e impotência frente à doença que a abateu num espaço de tempo rápido, apesar de toda assistência da medicina, e sofria com dores e nos últimos dias apenas esperando o momento do desenlace final. No último instante estava cercada pelo esposo e pelos filhos. Era quase meia-noite quando o sacerdote lhe ministrou a extrema unção e, depois, ainda abençoou os filhos chorosos e ergueu a mão para o marido, dizendo: - Adeus, Sá, como o chamava carinhosamente. E morreu.

JOSÉ GONÇALVES DE SÁ

Nascido em 02 de Agosto de 1894, em Jeremoabo, filho de Jesuino Martins de Sá, irmão do Coronel João Sá, e de D. Emiliana Gonçalves, era Engenheiro, e tinha como irmãos Jesuino Martins de Sá Junior (comerciante), Emilio Martins de Sá (médico), João Gonçalves de Sá (comerciante) e Lydia de Sá Carvalho. Grande expoente na indústria e agricultura baiana, mas foi no Paraná onde era um próspero empresário, controlando os mercados de madeira de Paraná e Santa Catarina, alargando com outras indústrias subsidiárias como serrarias, engenho de erva mate, fábricas de cerâmicas e a Fundição Iguatu, núcleo de um audacioso plano de metalurgia. Entretanto, a Revolução de 1930 interditou suas indústrias, levando-as a liquidação e o prendeu. Restava-lhe a agricultura em Jeremoabo, onde tinha os negócios tocados em sociedade com seus irmãos, principalmente a cultura do algodão, apoiadas por três firmas comerciais de sua propriedade. Depois do Paraná, transferiu-se para o rio, onde iniciou atividades industriais com matadouros e frigoríficos, voltando novamente a ser um grande empresário. Para se ter idéia, em 1953, ano que o livro foi escrito eram de sua orientação e controle as seguintes empresas: Banco de Crédito Geral, Companhia Imobiliária Atlântica Brasileira; as Indústrias Netuno Araruama Ltda. (gesso); Laboratórios Alvas Ltda.; Companhia Frigoríficas Reunidos do Brasil; Frigorífico Sispal; Terrenos Urussanga; Companhia Mineração Picuí (Paraíba); Indústrias e Viação de Pirapora (navegação fluvial do Rio São Francisco).

Era sensível ao sofrimento humano voltando-se constantemente à assistência social tendo, inclusive, instalado o Banco de Leite Humano destinado a nutrição de crianças pobres a quem deu o nome de Emiliana Gonçalves de Sá, sua mãe.

A HISTÓRIA

Em 20 de maio de 1920, José Gonçalves de Sá viajou ao Rio no paquete “Ceará” (antigos navios de luxo de grande velocidade, geralmente movidos a vapor), onde também viajava, vindo de Recife, Maria Cândida e família, viagens que eram longas e permitia algum estreitamento de conversas entre os passageiros. Conta o livro que Dr. Zeca ao ver aquela morena de porte senhorial, então com 22 anos, a mais retraída de todas as mulheres a bordo, bateu-lhe um sentimento profundo. Na parada do Porto de Vitória, era permitido passear e conhecer a cidade mas, mesmo com a insistência de Dr. Zeca, ela não quis sair do navio, e no retorno trouxe orquídeas colhidas por ele mesmo para presenteá-la e já havia decidido que aquela moça de beleza, educação e boa moral, era a que lhe serviria para casar. Na chegada ao Rio, cada um foi para um destino porém, como armado por esse mesmo destino, encontraram-se casualmente e, a partir daí, a relação foi mais estreitada , culminando com o casamento que ocorreu no dia 06 de agosto de 1921. Alguns dias depois rumaram para Jeremoabo, onde iriam viver. Relata-se que muita gente vinha de longe, do interior do município, para conhecer a jovem senhora, cujos modos eram observados com admiração pois até sua maneira de falar era diferente com voz solta, cristalina, o que dava certo encanto à sua conversação e caiu logo no agrado geral da família ou dos habitantes. Aquela moça saída de uma sociedade movimentada, Recife, nunca teve um instante de desencanto ou de desejo de mudar de residência, vivendo aqui por mais de seis anos, quando os negócios fizeram José Gonçalves transferir-se para o Paraná.

Tiveram dois filhos: Dr. Manoel José Gonçalves Sá, nascido em 17 de junho de 1922, bacharel em Direito, que chegou a ser adido comercial do Brasil na Alemanha e Geraldo Gonçalves de Sá, nascido a 9 de julho de 1928, Bacharel em Direito, e foi diretor da Companhia Imobiliária Atlântica Brasileira, da Companhia Indústria e Viação de Pirapora e da Companhia Frigoríficos Reunidos do Brasil.

O AUTOR

O escritor, contratado especialmente para este livro, João Lima, nasceu no Maranhão em 1886 e em 1914 foi para o Rio onde atuou na Imprensa (Gazeta de Notícias e Jornal do Brasil). Quando escreveu o livro, portanto, em 1953 tinha 67 anos.

COMENTÁRIOS FINAIS

Segundo Sebastião Passos, que conheceu a família, Dona Maria Cândida, quando aqui residiu era uma pessoa muito caridosa e distribuía, constantemente, açúcar extraído dos seus engenhos, com a população mais pobre, enquanto Dr. Zeca conforme distribuir dinheiro mesmo aos mais pobres, segundo o que comentavam

[1] Pedro Pereira da Silva Filho, Administrador de Empresas, MBA USP/FIA. Pós-graduado Administração de Cidades. Especialista em Docência e Metodologia. Secretário municipal Educação Jeremoabo (BA)


Um comentário:

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