segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Gigante e a Borboleta.

Havia no reino do Norte, um gigante guerreiro. Destemido, era conhecido por ser um grande conquistador que fazia jus ao seu nome: Valente. Ele colecionava vitórias. Já havia conquistado muitas terras e povos para o seu reino e seu objetivo era expandi-lo até o sul.
O gigante Valente saiu em direção às terras do sul, rumo a um pequeno lugar chamado Harmonia.
Harmonia era conhecida por sua agricultura e toda cultura do solo, como seus jardins, pomares e hortas. O povo desse vilarejo era pouco, de pequena estatura, e frágeis, e definitivamente não sabiam lutar. No entanto, esse povo era muito unido e apoiavam uns aos outros em tudo quanto fosse necessário, quanto mais para defender Harmonia.
Apesar de não ser um grupo grande, e de serem física e belicamente menos favorecidos, Valente sabia que, no conjunto, os cidadãos de Harmonia eram praticamente imbatíveis, por causa da união que os afamara. Esperto como só ele e grande estrategista, Valente se pôs a estudar aquele povo, para descobrir como vencê-los.
Em seu exaustivo estudo, Valente é interrompido por uma veloz borboleta, que percebendo seus planos, lhe oferece uma solução:
- Eu sei como você pode vencer esse povo.
E Valente intrigado perguntou-lhe:
- E como você, tão pequena borboleta, sem experiência alguma em batalhas, poderá fazer isso?
Ela respondeu:
- Dê me uma chance e eu te mostrarei.
Valente, que acreditava não ter nada a perder, disse à borboleta que fizesse então do seu jeito.
A pequena borboleta animada se enturmou com aquele povo rapidamente. Ela ouvia suas conversas e participava de suas atividades diárias, e ficara tão íntima de todos que já opinava em suas decisões.
A borboleta, que inspirava confiança passou a ouvir confissões das pessoas de Harmonia, e saber dos problemas de todos. E assim a borboleta voava de uma casa à outra.
Valente assistia há alguns dias a rotina da borboleta no meio daquele povo, e pensava ter perdido seu tempo, pois ela não fizera nada a não ser se tornar amiga do povo de Harmonia.
Passado alguns poucos dias, e algumas idas e vindas da borboleta, Valente percebeu que os jardins e hortas de Harmonia se enchiam de ervas daninhas, as flores murchavam, hortaliças secavam, nos pomares as frutas apodreciam nos pés, e as árvores eram tomadas por pestes. Ao mesmo tempo, as pessoas de Harmonia começaram a brigar.
As pessoas não sabiam se deveriam se defender diante das acusações das outras, ou acusá-las também, e velhas amizades foram desfeitas, e confiança quebrada, e Harmonia esfacelava-se no caos, e seu povo nem percebia.
Valente ficou intrigado em assistir aquilo, e realmente ficou curioso pra saber o que a borboleta fez e no que aquilo iria dar. Foi quando ela, a pequena borboleta, voltou e se assentou junto à ele para assistir as pessoas se digladiando por causa do mau que esta plantara.
O gigante Valente não podia deixar de perguntar à ela:
-Afinal, o que você fez?
E a borboleta feliz e sorrindo, respondeu modestamente:
-Ah, nada de mais! Apenas ganhei a confiança delas, o que não foi difícil, pois são pessoas boas. Depois, dizia a uma o que a outra havia falado dela, e aumentava um pouquinho, e quando não havia nada inventava. Como as pessoas confiavam em mim, acreditavam no que eu falava, sem apurar a verdade.
E Valente perguntou:
-Mas as pessoas eram unidas, confiavam uma nas outras, e ainda sim acreditaram em você?
E ela respondeu:
-Por isso me uni a elas primeiro. Como já disse, eu ganhei a confiança delas.
Sem entender, Valente insiste:
-Então você nunca mereceu a confiança delas?
Mas a borboleta lhe responde.
-Você está começando a entender... E ela lhe explica:
-Uma coisa leva à outra. O povo começou a contender entre si por causa das coisas que ouviam a seu respeito, então os laços de confiança foram desfeitos, e a união pouco a pouco dissipada, e rompido um elo apenas que seja de uma corrente, a brecha se abre, daí você entra em cena: Eles são fracos, e estão desunidos, uma batalha assim, você nunca irá perder.
Mas Valente disse à borboleta:
-Olhe só para essa terra. Olhe suas plantações, pomares, jardins e hortas. Está tudo acabado! Você não destruiu apenas os relacionamentos entre as pessoas, mas tudo ao redor delas. Eu não tenho mais interesse aqui. Para tomar esse vilarejo e estabelecer o meu povo aqui nós teríamos muito trabalho para refazer tudo, e há solos que mesmo com muito trabalho provavelmente nunca mais serão férteis.
E a borboleta se despede então dizendo:
-O que você vai fazer com essa terra é problema seu, mas eu cumpri o que prometi.
E Valente diz:
-Realmente cumpriu, mas você não me disse o que quer em troca do seu trabalho?
E ela responde:
-Nada. Meu pagamento é a semente que semeio. É a minha natureza semear.
E Valente lhe faz uma última pergunta?
-Qual o seu nome Borboleta?
Ao que ela responde:
-Discórdia.

Semear discórdia nem sempre é uma consequência, às vezes é um exercício da própria natureza.

3 comentários:

  1. Parece que existem pessoas que são como essa borboleta, sentem prazer em semear a discórdia, ficam felizes em ver a harmonia desaparecer, gostam de ver amizades se quebrarem. Nosso alerta contra essas pessoas deve estar sempre ligados. Inocentes para o bem, astutos contra o mal.

    Jean Corrêa
    Blog Prosa de Crente / Rádio Selecta
    http://prosadecrente.blogspot.com.br

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