sábado, 15 de outubro de 2011

Obras Maiores Fará.

 “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.” (Jo 14:12) 

Cristo não se refere aqui a milagres físicos. Devemos nos lembrar que as “obras” que Jesus realizou não se restringiam a curas. Ele andava sobre as águas, transformava água em vinho, multiplicava alimentos, lia pensamentos, etc.
Se as “obras” de Jo 14:12 forem os sinais miraculosos manifestos durante o ministério terreno do Senhor, devemos admitir que tudo isso pode e deve ser repetido pela Igreja Contemporânea, e até em quantidade maior, com milagres mais espetaculares e extraordinários. Contudo, não esqueçamos que todos os milagres de Jesus eram o sinal de sua messianidade e filiação divina. Não eram um fim em si mesmos, mas o meio pelo qual Ele autentificava Sua mensagem.

Cristo jamais dedicou sermões sobre cura divina ou sucesso financeiro; os milagres eram apenas acompanhantes de suas pregações, os quais provavam que Ele era o Senhor, o Ungido de Deus.
As “obras maiores” de Jo 14:12 estão ligadas à ida de Cristo ao Pai, ocasião na qual o Espírito Santo seria enviado aos apóstolos. Quando o “outro Consolador” (vs. 16) descesse, os discípulos seriam revestidos de autoridade para realizar as mesmas coisas que Jesus realizava, e até maiores que aquelas.
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At 1:8)
Veja que a obra do Espírito está ligada à pregação do Evangelho. No livro de Atos encontramos o cumprimento das palavras de Cristo.
Quando o Espírito caiu sobre os discípulos, todos eles pregaram a Palavra de Deus, convertendo uma multidão de quase três mil almas. Esse evangelismo rendeu mais vidas do que todas as pregações de Jesus juntas!
No restante de Atos, podemos comprovar que esse é o sentido das palavras em Jo 14:12. Ele se referia aos frutos do evangelismo, e não a curas ou outros milagres desse tipo. Acompanhe o andamento da Igreja Primitiva:
Quase Cento e Vinte Pessoas
“E naqueles dias, levantando-se Pedro no meio dos discípulos (ora a multidão junta era de quase cento e vinte pessoas) disse:” (At 1:15)
Quase Três Mil
 “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas,” (2:41)
Quase Cinco Mil
“Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a quase cinco mil.” (4:4)
Uma Multidão
“E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais.” (5:14)
Multiplicações Constantes
“E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.” (6:7)
“E a palavra de Deus crescia e se multiplicava.” (12:24)
Cidades Inteiras Alcançadas
“E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor.” (9:35)
Crescimento Ininterrupto
“De sorte que as igrejas eram confirmadas na fé, e cada dia cresciam em número.” (16:5)
As “obras” que os discípulos realizaram foram as conversões de vidas, o verdadeiro fim da operação do Espírito Santo. Em grande parte das pregações evangelísticas, os apóstolos não operavam milagres.
Paulo usava somente as Escrituras para convencer seus ouvintes nas sinagogas. As curas eram sinais inquestionáveis do poder de Deus, dos quais ninguém podia duvidar. Eram restituições instantâneas de paraplegia (8:7; 9:33), ossos deformados (3:2-8; 14:8-10), febre alta (28:8), etc. Essas operações faziam parte da atuação do Espírito Santo, a fim de que as “obras maiores” (as conversões de maior número) fossem obtidas pelos discípulos, e acompanharão a Igreja até o fim dos tempos (Mc 16:17-20). O que não podemos fazer, contudo, é torná-las parte integrante do Evangelho.
O Evangelho é salvação de vidas, e não milagres físicos, que são meros coadjuvantes da pregação. Paulo ensinou que o verdadeiro Evangelho constitui-se da mensagem acerca da morte, sepultamento e ressurreição física de Jesus Cristo (1Co 15:1-4), sua obra vicária em favor dos pecadores (1Tm 1:15).
Assim, não devemos nos martirizar por não realizarmos milagres iguais ou maiores do que os de Cristo, mas sim por não estarmos colhendo os mesmos frutos que a Igreja Primitiva. Os dons de curar são concedidos apenas a alguns (1Co 12:9,29), enquanto a Grande Comissão é dirigida a toda a Igreja: discipular, batizar e consolidar as vidas (Mt 28:19,20). Essas são as obras que o Espírito Santo veio realizar por meio da Igreja, e nossos olhos devem sobre elas.

Autor:Rafael Gabas Thomé de Souza

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