quinta-feira, 11 de abril de 2013

Uma bacia e uma toalha...

Fico pensando como temos caminhado distante daquilo que o Mestre nos ensinou, durante seu ministério terreno. Fama, poder, fortuna, ostentação, soberba, arrogância... Uma busca louca pelos “holofotes ministeriais” que às vezes parece que somos poucos os que estão à sombra. 
Existe hoje uma busca por um “glamour eclesiástico” desenfreado. Muitos desses “grandes pregadores modernos” agem e ensinam de tal forma, que para outros tantos pode parecer que, em algum momento, Jesus pregou algo parecido. 

Contudo, se eu e você estivéssemos naquele episódio narrado por João 13, qual seria nossa reação? Como pode o Mestre lavar os pés de seus discípulos? Afinal o que o Ele está ensinando com isso? 

Diferente do que muitos ensinam hoje, Jesus nos sempre apregoou o Cristianismo da bacia e da toalha. Ele não formou megacomunicadores, mas homens que transmitiam a mensagem do Evangelho a quem e a quantos fossem, apesar dos riscos e perigos. Ele nunca ensinou nada diferente do que ser servo. Aliás, se existe um tempo em que precisamos de servos, esse tempo é agora. Nunca se viu tanta soberba e arrogância no meio “gospel”. Servos se colocando na posição de Senhores – querendo ensinar Jeová a ser Deus – reivindicando, determinando, ordenando – como se Deus não soubesse o que tem de ser feito de nossas vidas. 

Ministérios de pedestais, onde o título determina o status, o glamour e o grau de autoritarismo. 
Diferente de tudo isso, quem serve a Deus – quem é ministro – é necessariamente aquele que a cada dia desce mais. Max Geringher em um artigo na revista Época, diz: "antigamente, o ministro (servo) era um simples criado. Aquele que executava as tarefas menores na casa de seu senhor. Foi por esse motivo que os padres e pastores ganharam o título de ministros: eles são humildes servos de Deus.”.  Fico estarrecido ao perceber que até no mundo existem pessoas que compreendem o verdadeiro papel do ministro de Deus. Entendem que não existe nem um pouco de glamour nisso. 

O Cristianismo da bacia e da toalha me remete: 

A sair da minha zona de conforto: 

Servir a Deus é fazer o indesejado, realizar tarefas nem tão atraentes assim. É deixar de pregar no conforto da cidade para pregar na seca do deserto. É viver trabalhando duro para Deus quase que no anonimato. É fazer o trabalho sujo. É se cansar; exaurir-se, é fazer aquilo que muitos não estão dispostos a fazer. Isso me remete ao texto de novo. Se Pedro tinha uma percepção errada do que era ser discípulo, Jesus acaba de quebrar. Levanta-se de seu lugar e, ajoelhado, um por um, começa a lavar os pés de seus liderados. Ele mostra que o líder cristão, na verdade é aquele que precisa descer primeiro, sair de sua comodidade. 

A ser escravo dos outros – ser como sombra: 

Não há coisa melhor num dia quente de verão do que a sombra de uma árvore. Debaixo dela podemos repousar do clima quente e descansamos. Convida-nos a um pique nique, a uma soninho... Contudo, com todos os benefícios que a sombra da árvore possa nos trazer, ninguém está preocupado em saber quem a plantou, de que árvore se trata; se amanhã ela ainda estará ali... Apenas se desfruta de sua sombra...  Servir a Cristo é exatamente assim. É ter direitos muita das vezes esquecidos, é sofrer injustiças... É conviver com quase ou nenhum reconhecimento e ser até desprestigiado. Aquele que abraça o Cristianismo da bacia e da toalha precisa ter em mente que o primeiro a se humilhar sempre vai ser ele. Que não existe busca por holofotes ou glamour no fato de simplesmente obedecer à ordem de Seu Senhor. Não existe qualquer recompensa simplesmente pelo fato de fazer aquilo que é sua obrigação como servo. 

A pensar nos outros em primeiro lugar: 

O Cristianismo da Bacia e da Toalha me ensina que o outro sempre vem primeiro. É abrir mão daquilo que se quer para benefício do próximo. É dar mais do que receber, é perdoar sempre. É, em alguns momentos, sofrer até prejuízos por amor ao outro. Senão, veja o exemplo do próprio Cristo. Aniquilando – se a si mesmo, assumiu a forma de servo, sendo obediente até a morte de Cruz. Pensando em mim antes Dele mesmo. Sofrendo por mim aquilo que eu deveria sofrer. Servir a Cristo é entender que abdicar meus desejos e vontades são, muita da vezes, ossos do ofício. É ter uma vida dedicada a outros ainda que, daqui a algum tempo, você nem seja lembrado, não receba nada, seja esquecido ou até mesmo criticado. 

A Bacia e a toalha precisam assumir seu lugar na vida do crente. A hierarquia é diferente aqui: Quanto maior o dever, quanto mais nobre o ministério, mais baixo você precisa ir. Mais escravo você se torna. Por isso servir é para poucos. Por isso muito hoje abrem mão do Cristianismo da bacia e da toalha. Servir ao Mestre é não abandonar sua posição ou função por nenhuma tristeza, frustação ou decepção. 

Servir é ser como Jesus. 

“Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir; 

e dar a sua vida em resgate por muitos". Mc. 10:45

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