Vivemos
dias extremamente difíceis onde o pecado bem como a prática
desavergonhada da iniquidade foram escandalosamente relativizados.
Infelizmente boa parte da igreja evangélica brasileira não prega mais
contra o pecado, até porque, para algumas comunidades, combater o pecado
pode ser considerado politicamente incorreto. Nesta perspectiva é
comum encontrarmos em nossas congregações relatos escabrosos de pessoas
que mesmo se dizendo cristãs cometem os mais variados tipos de
iniquidade, sem contudo, que isso promova na liderança local qualquer
tipo de manifestação.
Ora,
a Bíblia é clara em afirmar que devemos lidar com o pecado com
seriedade. As Escrituras são firmes em nos orientar sobre os malefícios
de uma vida permeada de transgressões. Do ponto de vista Paulino uma
igreja que negligencia o pecado também negligencia a disciplina cristã. O
reformador francês João Calvino costumava dizer que uma das virtudes
que distingue uma igreja verdadeira da falsa é a disciplina
eclesiástica, portanto, uma igreja que faz vista grossa aos pecados dos
seus membros, comete um erro gravíssimo, o que em médio prazo, poderá
produzir consequências quase que irremediáveis.
Caro
leitor, ao escrever a igreja de Corinto, Paulo (1 Co 5.1-13), os
advertiu quanto aos perigos que sobrevêm a uma comunidade cristã que
relativiza o pecado bem como a disciplina cristã.
“Geralmente,
se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo
entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu
próprio pai. E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a
lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje
praticou? Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em
espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal
infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito,
com o poder de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a destruição
da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus.
Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a
massa toda? Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa,
como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro
pascal, foi imolado. Por isso, celebremos a festa não com o velho
fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos
da sinceridade e da verdade. Já em carta vos escrevi que não vos
associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos
impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras;
pois, neste caso, teríeis de sair do mundo. Mas, agora, vos escrevo que
não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou
avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse
tal, nem ainda comais. Pois com que direito haveria eu de julgar os de
fora? Não julgais vós os de dentro? Os de fora, porém, Deus os julgará.
Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.
Pois é,
negligenciar o pecado e os seus efeitos na comunidade da fé é uma grande
tragédia! Como já escrevi anteriormente o pecado é a enxada que cava
as nossas sepulturas. Fazer de conta que ele não existe é colocar-se
contra os ensinos das Escrituras opondo-se veementemente a afirmação
apostólica de que o salário do pecado é a morte. Além disso, uma igreja
que relativiza os MALES do pecado, deixa de ter sobre si as bênçãos de
Deus.
Vale
a pena ressaltar que aquele que ordena a disciplina na igreja é o mesmo
que estabelece o padrão a ser seguido no exercício da mesma. Como bem
afirmou Valdeci dos santos Silva "esse padrão consiste primeiramente em
amor paternal (Hb 12.4-13). É certo que o mundo vê a disciplina como
expressão de ira e hostilidade, mas as Escrituras mostram que a
disciplina de Deus é um exercício do seu amor por seus filhos. Amor e
disciplina possuem conexão vital (Ap 3.19). Além do mais, disciplina
envolve relacionamento familiar (Hb. 12.7-9), e quando os cristãos
recebem disciplina divina, o Pai celestial está apenas tratando-os como
seus filhos. Deus não disciplina bastardos, ou seja, filhos ilegítimos
(v. 8). O padrão de disciplina divina revela também maravilhosos
benefícios. A disciplina que vem do Senhor "é para o nosso bem (v. 10)."
Ainda que seja inicialmente doloroso receber disciplina, a mesma produz
paz e retidão (v. 11). O v. 13 ensina que o propósito de Deus em
disciplinar não é o de incapacitar permanentemente o pecador, mas antes
de restaurá-lo à saúde espiritual."
Diante disto
acredito que a Igreja de Cristo precisa URGENTEMENTE rever os seus
conceitos retomando a salutar a prática da disciplina cristã, até
porque, agindo assim, nos tornaremos muito mais fortes e relevantes na
missão de anunciar Cristo.
Autor: Renato Vargens
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