Uma senhora entrou na loja disposta a pagar
qualquer preço por um sapato novo, bonito e confortável. Experimentou um,
calçou outro, e nada. Quando calçava bem, não era bonito. Se era bonito, não
era confortável.
Mesmo os modelos mais caros não agradavam,
sempre faltava alguma coisa. Após experimentar uma enorme pilha, finalmente
encontrou aquele que procurava.Macio, confortável e de modelo muito bonito.
-Achei!
Quanto custa?
-
perguntou.
-Nada madame, esse já está pago - respondeu o
vendedor - esse a senhora estava calçando quando entrou na loja. É o seu!
Estava tão novinho, macio e confortável que
não parecia ser seu velho sapato. Sem saber o que dizer, constrangida,
despediu-se do vendedor.
Quantas vezes, nos dispomos a pagar qualquer
preço por um amigo alegre e jovial, que saiba cantar e tocar, e que esteja
sempre disposto a nos acompanhar no clube, nas festas, enfim, o amigo de todos
os momentos.
Nessa ansiosa procura experimentamos pilhas de
desilusões e não percebemos que bem pertinho de nós está alguém que já se
amoldou tanto ao nosso modo de viver que parece nem existir. Ouve, aceita,
caminha conosco.
Protege os nossos passos e o tratamos com descaso, como aquele calçado
que usamos todos os dias e não cuidamos sequer de sua aparência. Nada de graxa
protetora, nem ao menos um paninho úmido.
No entanto, na hora da desgraça, na angústia e na doença, ele não
desaparece e ressurge como um anjo salvador, brotando de baixo daquela enorme
pilha de falsos amigos.
A teoria diz que os melhores calçados são
aqueles de maior custo, mas a prática mostra que os melhores amigos são aqueles
que recebemos gratuitamente.
A verdadeira amizade, mesmo após muitos anos
de uso, parece sempre nova.
Alguns pequenos arranhões são facilmente
reparados com uma escova de brilho. Algumas escovadinhas e reaparece o brilho
do respeito e da compreensão. Reaparece o brilho do perdão.
Autor: Jorge Lorente
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